Dor abdominal funcional: o que é, etiologia e gestão dos sintomas

A dor abdominal funcional pode ser diagnosticada em crianças com dor abdominal crónica em que não se encontram nem alterações ao exame físico, nem

Dor abdominal crianças

A dor abdominal funcional pode ser diagnosticada em crianças com dor abdominal crónica (duração igual ou superior a 2 meses) em que não se encontram nem alterações ao exame físico, nem outros sinais de alarme tais como emagrecimento, vómitos, diarreia ou febre inexplicada. Designa-se de funcional porque não tem uma causa orgânica subjacente, mas isso não significa que a dor que a criança sente não é real.

Este distúrbio pode ter um impacto negativo a longo prazo na criança, consumindo tempo e recursos que nem sempre são fáceis de gerir. Afeta também a sua saúde psicológica, a vida social e bem-estar geral, podendo ter como consequências a alienação e até a depressão.

O tratamento deve ser individualizado e ter em consideração que na maioria dos casos o quadro resolve espontaneamente com o tempo. O estabelecimento de uma boa relação terapêutica é fundamental para que a criança e a família sintam que as queixas são valorizadas e seja estabelecido um plano de seguimento e tratamento. Deve ser explicado que o quadro é frequente (afeta 10 a 20% das crianças!), correspondendo a uma sensibilidade aumentada ao normal funcionamento do estômago e do intestino. A dor pode ser exacerbada ou mantida por fatores ambientais (p. ex. uma gastroenterite) ou psicossociais (como o stress / ansiedade).

Não é um quadro grave, pelo que não é necessário deixar as atividades da vida diária. Devem pelo contrário ser encorajadas, compreendendo-se que, apesar do alívio dado por alguns tratamentos, vai sempre existir algum grau de desconforto. A criança deve ser estimulada a não faltar à escola, esclarecendo-se a comunidade escolar sobre a origem do quadro. Devem ser identificadas fontes de ansiedade relacionadas com a escola para que possam ser abordadas (p. ex. bullying e isolamento social). Os comportamentos positivos, como atividades desportivas, escolares e de lazer, devem ser reforçados, evitando pelo contrário “premiar” o quadro álgico com atenção especial, absentismo escolar ou tarefas lúdicas quando a criança falta à escola. Assim, se a criança tiver de ficar em casa porque tem dores, deve por exemplo repousar na cama, e não ficar a ver televisão ou a jogar videojogos.

Em geral não é necessário fazer restrições dietéticas, embora em casos pontuais possa identificar-se uma relação causal com determinados alimentos (p.ex. lactose, glúten, “FODMAP”).

A ansiedade deve ser identificada e tratada, dando prioridade a intervenções não farmacológicas: técnicas de relaxamento, distração com outras atividades, psicoterapia ou yoga.

O tratamento farmacológico, quando necessário, baseia-se nos probióticos nos doentes com um padrão intestinal normal e nos probióticos associados a fibras nos doentes obstipados. Pode também ser usado o óleo de hortelã-pimenta.

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